O bairro Cidade Kemel vive uma situação inusitada, dividido entre as cidades de Poá, Itaquaquecetuba e Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, e o distrito do Itaim Paulista que pertence à capital,
o bairro está cortado ao meio por duas fases da quarentena decretada pelo governo do estado por conta da Covid-19.
A avenida Kemel Addas, uma das principais do bairro, tem sido o símbolo dessa divisão. De um lado da via, comércios como bares, restaurantes e salões de beleza estão autorizados a reabrir, mas, do outro, devem permanecer fechados.Na parte que pertence a capital, o Plano São Paulo prevê a fase amarela, que permite uma reabertura mais flexível do comércio e dos serviços.
No caso da área que pertence aos municípios do Alto Tietê, a fase é a laranja, mais restrita, e que permite que apenas grandes estabelecimentos, como shoppings, voltem a funcionar. Na prática, porém, moradores têm questionado como essas medidas são aplicadas. "Isso aí é tiração, né? Quer dizer que o coronavírus não atravessa a rua?", questiona brincando o instalador de gesso Gustavo Correia, de 25 anos, na parte pertencente a Poá.
Para completar, o governo do estado sugeriu que uma das cidades, Itaquaquecetuba, volte a ter uma quarentena mais rigorosa, na fase vermelha. Se a situação for adotada, o Kemel terá de viver três tipos de quarentena oficialmente; o motivo é que Itaquaquecetuba teve taxa de ocupação de UTIs de 95% até o começo desta semana, a situação das vagas nos serviços de saúde, segundo o governo do estado, é um dos principais critérios para entender se haverá reabertura.
Como todo esse centro comercial fica dentro do município de São Paulo, e cerca de 500 metros da divisa com as cidades vizinhas, ele pode ser facilmente acessado por pessoas que, em tese, deveriam estar em uma quarentena mais restrita. Apesar da proibição, também é comum ver salões de beleza e bares funcionando nas partes de Itaquaquecetuba e Poá do bairro, sobretudo fora das principais avenidas.
A reabertura dos comércios tem causado polêmica desde o início na região metropolitana, em parte pelo questionamento da proximidade entre os municípios e a circulação de moradores entre eles.