O tempo

O “tempo” está mudando

As redes sociais, na atualidade, podem ser denominadas como “terra de ninguém”, onde se expõe quaisquer pensamentos, até mesmo aumentado a propagação de ideias controversas, compelindo opiniões sem evidência à alegação, numa forma de confrontar estudos científicos. Vários países apresentam notória resistência à ciência.

Um estudo feito pela Gallup, com 140 mil pessoas, demonstrou que no Japão 77% dos entrevistados desconfiam da ciência. Nos EUA, 10% acreditam que o trabalho científico beneficia poucas pessoas. Já, no Brasil, 73% são resistentes aos preceitos científicos e 23% considera que pouco contribui para o desenvolvimento econômico e social. No entanto, é provável que a ciência seja o caminho mais assertivo quanto às projeções.

Apesar da maior parte das instituições relacionadas ao clima afirmar que a mudança climática existe, há controvérsias criadas pelo negacionismo climático.

No mês de junho do ano vigente, no centro-sul do Brasil, houve o avanço de um ciclone extratropical batizado de “ciclone bomba”, que é uma baixa rápida da pressão atmosférica central (Instituto Nacional de Meteorologia). Este fenômeno gerou prejuízo e destruição nos estados da região sul do país, que certamente sofre, de forma mais intensa, o impacto das mudanças no clima (Francisco Aquino, pesquisador da UFRGS).

A formação de ciclones que avançam pela América do Sul é comum segundo o INPE, porém tem se intensificado com as mudanças climáticas.

Entretanto, outros eventos naturais não comuns podem ser favorecidos pelas mudanças climáticas devido a uma combinação de fatores. Recentemente, uma nuvem de gafanhotos se formou no Paraguai, passou pela Argentina e alcançou regiões próximas à divisa com o Rio Grande do Sul. Em condições normais, os gafanhotos vivem de modo solitário, porém, sob certas circunstâncias como temperatura, chuvas e ventos favoráveis, podem se tornar animais gregários e trazer danos à atividade agrícola e à vegetação nativa.

“Em equilíbrio, os gafanhotos são agentes reguladores de planta e de outros organismos ao competirem por espaço e por alimentos dentro da teia alimentar. São alvos de predadores como lagartixas, sapos e aves”. Afirma o climatologista Carlos Nobre.

Se de alguma forma as mudanças climáticas podem ser um processo natural, ao menos deveríamos buscar o seu desaceleramento. No entanto, está potencializada pela transgressão da única espécie dentre todas que já habitou e habitam o planeta terra.