O estudante de veterinária Pedro Henrique dos Santos, picado por uma cobra naja em Brasília, foi indiciado pela polícia com mais dez pessoas.
Ele é suspeito de fazer parte de um esquema de tráfico de animais exóticos.
O inquérito aponta que Pedro Henrique era um dos principais responsáveis pelo esquema. O estudante de veterinária criava ilegalmente pelo menos 23 cobras em um apartamento de três quartos, cada filhote era vendido por até R$ 500. Em cada ninhada, as cobras poderiam ter até 20 filhotes. Quando ele viajava, a mãe era responsável pela alimentação das serpentes.
O esquema só foi revelado porque o estudante foi picado por uma cobra naja, uma espécie asiática, que não existe no Brasil, ele foi internado em estado grave, mas se recuperou e chegou a ser preso. Agora, responde em liberdade.
A naja não é uma espécie nativa brasileira, mas foi comprada por Pedro. A polícia ainda não sabe o trajeto feito pelo animal, a serpente foi transferida do Zoológico de Brasília para o Instituto Butantan em São Paulo, onde está em quarentena. Após o período, será decidido o destino da naja, ela poderá ir para o museu ou para o trabalho de pesquisa.
Os indiciados vão responder por crimes como maus-tratos e tráfico de animais, além de associação criminosa. Entre eles, o padrasto, a mãe e colegas de Pedro Henrique, além do comandante da Polícia Militar Ambiental, major Joaquim Elias Costa Paulino, que está afastado do cargo, acusado de tentar atrapalhar as investigações.
"É um esquema grande, se compara com o tráfico internacional de armas, o tráfico internacional de drogas. Tão lucrativo quanto", afirma o delegado Ricardo Bispo. Segundo a polícia, participavam do esquema: universitários, professores, funcionários públicos do Ibama e da Polícia Ambiental.
Enquanto a polícia divulgava o resultado das investigações, outra cobra foi encontrada em cativeiro, em Águas Lindas de Goiás, município que está na divisa com o Distrito Federal. A sucuri de cerca de 90 kg estava na casa de um homem suspeito de envolvimento com o tráfico de animais exóticos, atuando há dez anos no mercado ilegal. Ele ainda não foi encontrado.