“Não existem problemas ambientais, existem apenas sintomas ambientais de problemas humanos” (Robert Gilmam)
Todo e qualquer produto ou serviço, independente do material, provoca um impacto no meio ambiente que pode ser originário de diversas formas: do seu processo produtivo, ou de sua criação primária, das matérias primas que consome ou do seu descarte. Assim como o problema ambiental ocasionado proveniente do plástico.
Uma das taxas preocupantes é a crescente produção de plástico. No início dos anos 2000, a produção deste material havia crescido em uma década o que cresceu nos 40 anos anteriores. Sendo que a maioria do plástico é projetada para um único uso e ainda 60% dos plásticos acabam em aterros sanitários. O Brasil recicla ínfimo 1,28% do total de plástico produzido, numa média global de 9% (WWF).
Em 2014, a ONU divulgou o relatório “Valuing Plastic”. Segundo o referido documento, os prejuízos ambientais relacionados ao plástico ultrapassam os US$ 75 bilhões anuais.
Importante esclarecer que a gestão do plástico, quando bem realizada, considerando a origem desta matéria-prima, a eficiência na linha da produção e uma eficaz reciclagem, pode economizar às companhias pelo menos US$ 4 bilhões ao ano.“Plásticos possuem um papel crucial na vida moderna, mas os impactos ambientais de seu uso não podem ser ignorados”, afirmou Achim Steiner, Diretor Executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
O problema dos plásticos não é pequeno e nem recente. Apenas a Grande Ilha de Lixo do Pacífico possui um tamanho equivalente ao do território dos Estados Unidos. As projeções quanto ao descarte irresponsável deste produto não são das melhores, visto que há previsão da existência de mais plásticos do que peixes no oceano no ano de 2050.
No entanto, o problema não é apenas o plástico visível descartado no ambiente, mas os nano e microplásticos na superfíceis dos oceanos que, além de tudo, pode ser 10 vezes maior do estimado, segundo estudos do Laboratório Plymouth Marine (Reino Unido).
Estima-se que há cerca de 269 mil toneladas de plástico flutuando no oceano no formato de microplástico e nanoplástico, que acaba entrando na cadeia alimentar e prejudicando diversos organismos, inclusive humanos. Há microplásticos no sal, nos alimentos, no ar e na água. Além de absorverem substâncias químicas perigosas e bioacumulativas, em muitos casos o próprio microplástico é feito de materiais perigosos para os organismos, como no caso de plásticos que contém bisfenóis, conforme estudo realizado pelo 5 Gyres Institute.
Mas como já mencionado, o problema reside em todo ou em quaisquer das etapas na concepção de um produto. Neste contexto, importante considerar quão prejudiciais são as emblemáticas sacolas plásticas como as demais sacolas que utilizamos.
De acordo com um estudo realizado pela Assembleia da Irlanda do Norte no ano de 2011, “gasta-se quatro vezes mais energia para manufaturar uma sacola de papel em relação do que se gasta na fabricação de uma sacola de plástico”. Incluindo neste rol de artigos prejudiciais, temos as sacolas feitas de algodão, consideradas a pior entre as três. Estas sacolas contêm mais carbono em sua fabricação, demandam muita água, além dos defensivos agrícolas que contaminam a água.
Apesar de sacola plástica ser um símbolo do problema ambiental, foi pensando em preservar o meio ambiente que se deu a sua concepção. A família de Sten Gustaf Thulin, criador das sacolas plásticas, diz que ele ficaria decepcionado se soubesse do problema que se tornou, pois quando ele inventou o saco plástico na Suécia em 1959, as pessoas usavam sacolas de papel e muitas árvores eram derrubadas no processo e, assim, as sacolas plásticas durariam anos.
Sendo assim, os mais promissores em todo esse contexto seriam os bioplásticos, que se derivam de fontes renováveis como produtos vegetais e animais, resultante da celulose, amido, chitina, etc. Sendo esses biopolímeros até mesmo de maior resistência que polietileno, polímeros mais comuns dentre os plásticos. Porém, são produtos desenvolvidos ainda em escala laboratorial.
Visando atenuar os prejuízos supracitados, são necessárias campanhas contínuas a respeito do impacto do plástico descartado no ambiente. É necessário evitar a produção de embalagens desnecessárias, como também responsabilizar as empresas produtoras destes materiais nocivos e apostar na reutilização. Importante apoiar para que o comércio receba incentivos do governo para oferecer opções sustentáveis, como também fomentar a criação de uma lei nacional que limite o uso do plástico descartável.
Por outro lado, quando não for possível evitar o consumo, a solução menos gravosa é optar pelo consumo mais sustentável possível e pela reutilização e/ou reciclagem, seguindo o mantra: REDUZIR, REUTILIZAR e RECICLAR.