A biodiversidade e os ecossistemas equilibrados garantem solos férteis, provisão de alimentos, informações genéticas e medicinais. Estes elementos são responsáveis pela regulação do clima, purificação do ar e a produção de água que são essenciais para a nossa sobrevivência.
A espécie humana depende da natureza e para que ela continue existindo é necessário preservar toda a sua diversidade biológica.
Diariamente estamos em contato com os fatores resultantes da biodiversidade. Ao sentir o cheiro das plantas ou ouvir o cantarolar dos pássaros em uma caminhada pelo parque ou até mesmo saborear uma fruta, passamos a interagir com a biodiversidade.
Cabe ressaltar que o valor dos serviços fornecidos pelos ecossistemas em nível global é estimado na ordem de US$ 33 trilhões ao ano, segundo a IUCN (em inglês), União Internacional para a Conservação da Natureza; sendo esses referentes a de regulação (climática, de doenças, de danos naturais e polinização), provisão (alimentos, água, madeira, fibras e recursos genéticos), cultura (ecoturismo, religioso, estético e educacional) e suporte (formação do solo, produção de oxigênio e ciclagem de nutrientes).
Além de fatores ambientais, os meios rurais e urbanos em que vivemos possuem elementos sociais, culturais e econômicos que interagem entre si, considerados sistemas sócio- ecológicos. A biodiversidade é também um elemento importante desse sistema.
No entanto, é visível que o aniquilamento da biodiversidade nos afeta de forma severa. Porém, o ser humano não tem atentado para esta importante ligação.
A exemplo deste extermínio, deparamos com projetos controversos, como a derrubada de 4 mil araucárias, árvore que produz a pinha (ou pinhão) e símbolo do Paraná, Estado onde ocorre uma obra para a passagem de torres de linha de transmissão de energia elétrica e que tem afetado diretamente a preservação da espécie que é ameaçada de extinção.
A saúde e o desenvolvimento humano estão relacionados à plenitude dos ecossistemas. As alterações ambientais ocasionadas pelo homem, resultam em condições que favorecem a proliferação de determinados hospedeiros, vetores e patógenos.
Diante da degradação ambiental, e consequente perda de floresta, os animais sobreviventes entram em contato com outras espécies animais, que ainda não tiveram contato. Essa interação pode resultar em novos hospedeiros de vírus. Assim também ocorre com as alterações climáticas. Para sobreviverem, os seres passam a ocupar áreas fora de sua região natural, ocorrendo um rearranjo, levando a um novo agrupamento biológico, não só dos animais, mas dos vírus que esses animais possuem.
Segundo um estudo da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), 31% dos casos de doenças oriundas de animais entre os seres humanos ocorreram como consequência da invasão e destruição de ambientes naturais.
Quanto ao Coronavírus (COVID 19), estamos ainda diante de muitas incertezas sobre sua origem e disseminação, mas afirma o virologista e professor da faculdade de veterinária da USP, Paulo Brandão, que é evidente que a contaminação viral é resultante da ocupação humana em um ambiente natural afim de captura de morcegos e outros tipos de interação. Segundo o especialista, a contaminação não é resultante apenas da ingestão desta espécie como supunham. Sendo assim, esta lamentável experiência pode ocorrer mais vezes e até ser mais frequente no futuro. A falta de ética para com o meio ambiente pode nos tornar mais suscetível a outras pandemias.
Diante do exposto, é evidente que a natureza está ameaçada pela perda da biodiversidade. Nos proteger das futuras ameaças globais e enfrentar a pandemia de coronavírus se faz necessário por intermédio do controle adequado dos nossos resíduos, preservação das florestas e uma sociedade atenta com a conservação da natureza como um todo. Um futuro sustentável depende das atitudes do agora, atitudes preventivas e não reativas.