As florestas possuem um importante papel de sequestrar/reter o carbono da atmosfera pelo processo conhecido de fotossíntese que resulta na produção de biomassa.
Porém, quando ocorre a queimada, emite diretamente para a atmosfera todo o carbono e interrompe o fluxo de absorção. Assim, o fogo queima serviços de captura de carbono, de regulação ecológica, tendo efeitos no bem-estar e para economia como um todo.
Na Amazônia, há a ocorrência que mais da metade dos focos de calor é proveniente de incêndios florestais vindo de desmatamentos, informações estas oriundas do Laboratório de Ciências da Biosfera (NASA). São informações que contrapõem as divulgações do Governo Federal que, segundo eles, não são as florestas que queimam, e sim as áreas já desmatadas que têm sido alvo destas ocorrências.
Considerando apenas os primeiros seis meses do ano de 2020, em comparação ao ano de 2019, houve um grande aumento das queimadas no país. Na Amazônia, apenas no estado do Amazonas, houve um aumento de 51,7% na quantidade de focos de incêndio. No bioma Pantanal, houve um impetuoso aumento de 530 % nos registros de queimadas, de acordo com Instituto Centro de Vida (ICV). Considerando que são resultados de incêndio florestais, quando não há autorização para a queima, agravado por políticas não ambientais, como visto não ser prioridade o meio ambiente para o atual governo.
Incêndios florestais de grandes proporções, além de destruir ambientes ricos em fauna e flora, afetam também diretamente os seres humanos. Um estudo feito pelo Instituto Socioambiental (ISA) revelou que as partículas de fumaça atingiram níveis de mais de 50 vezes o recomendado pela OMS em algumasregiões do país; índices contabilizados durante a época de queimada na região da Amazônia, que em 2019 foi chamado de “dia do fogo”, campanha está realizada por fazendeiros.
Há estudos e uma legislação para o manejo do fogo que permite um controle maior da biomassa em áreas naturais. Como brigadista de combate e prevenção de incêndios, participei de treinamentos na região do Pantanal, parte de um estudo experimental de uma nova metodologia chamada MIF (manejo integrado do fogo). O referido trabalho teve como objetivo realizar um controle maior sobre a biomassa acumulada.
Neste contexto, diversos pesquisadores, fazendeiros e o próprio Estado, também articulados com os órgãos ambientais, denotaram a importância de se ter um controle mais rigoroso da queima destas áreas, necessitando assim a modificação de uma política pública. Evidenciou-se que o processo burocrático de licença na queima prescrita implica questões importantes da conservação da natureza que, em áreas e períodos específicos, podem ser manejados. Porém, para que isto ocorra, é necessária maior proximidade por parte dos órgãos de fiscalização, sociedade civil e universidades.
No entanto, em meio a toda essa fumaça, os anúncios feitos pelo governo seguem sem alinhamento, após o ministro do meio ambiente ter ameaçado suspender todas as operações de combate do IBAMA. O então vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que o ministro se precipitou e a decisão então foi revista, voltando ao seu status quo. Enquanto isso, instituições não governamentais buscam diminuir os impactos negativos na região.
Com tantos dados e estudos, é necessário evoluir para um novo cenário, pois a cada ano novos dados são obtidos do quanto esses crimes ambientais agravam o processo das mudanças climática. É necessário o diálogo e a atenção do governo para usar a ciência a fim de modificar políticas públicas