Em tempos de guerra, os exércitos com maior poder ganham certa vantagem sobre seus inimigos. Por isso, novas tecnologias são sempre testadas em batalha, já que seu uso, ou a falta dele, pode representar uma vitória gloriosa, ou um fracasso imperdoável.
Dessa forma, com o passar dos anos, os especialistas em ferramentas de guerra começaram a olhar para os animais com outra perspectiva. Eventualmente, os bichos deixaram de ser domésticos e passaram a servir como soldados. Existem registros de meados de 1.100 a.C. que sugerem, por exemplo, o uso militar de elefantes, para transporte de cargas pesadas. No caso dos cachorros, contudo, o papel desempenhado pelos animais era bem mais ingrato e perigoso.
Durante a Primeira Guerra Mundial, até antes, em batalhas gregas e romanas, os cães eram usados como patrulhadores. Equipados com máscaras de gás, os bichos eram enviados á frentes de batalha, a fim de farejar as vítimas fatais do conflito.
Ainda mais, o contexto moderno de guerra começou a explorar os cachorros como mensageiros e sentinelas. Além deles, também foram usados pombos, ratos e morcegos, todos com o objetivo de atacar nações e potências inimigas.
Com a chegada da Segunda Guerra Mundial, a crueldade contra os animais ficou ainda mais evidente, ao pé da criação do conceito de bombas-vivas. Nessa época, os animais começaram a ser usados como transportadores de explosivos.
Mais ágeis e comuns de serem vistos em um campo de batalha, os cães eram os preferidos do exército. No início, então, eles eram treinados pelos soviéticos para camuflar e carregar diversas bombas até o território inimigo.
Dessa forma, os animais passaram a ser chamados de cães anti-tanque, já que caminhavam até os veículos blindados e deixavam as bombas na direção dos militares. Uma vez posicionado, o explosivo era acionado à distância.
Com o passado do tempo, no entanto, os especialistas em táticas de guerra perceberam a ineficácia do método: os cachorros, às vezes, deixavam as bombas longe demais ou eram percebidos. Com isso, o papel dos animais mudou drasticamente.
Sem prestar muita atenção no porte do cão, os soldados soviéticos passaram a treinar seus animais para carregarem os explosivos até o local mais próximo do alvo. Na frente dos tanques, as bombas eram acionadas enquanto ainda estavam acopladas ao cão.
O plano cruel funcionou da forma como os militares esperavam e, por isso, milhares de cachorros foram mortos durante a guerra. Verdadeiros cães-bomba, eles apenas caminhavam até as frentes de batalha e explodiam com um clique. Tamanho foi o sucesso impiedoso que até o exército dos Estados Unidos começou a treinar seus cães anti-tanque, em meados de 1943. Junto de outras espécies, então, os cachorros representam uma grande porcentagem das vítimas do conflito mundial.