Nascida no Palácio de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, a herdeira brasileira era afetuosa, extrovertida e dona de opiniões fortes, a pequena princesa teve uma Infância rígida e luxuosa.
Quarta filha de Dom Pedro I com a Imperatriz Leopoldina, Francisca de Bragança era uma menina cercada por títulos da nobreza, tanto por parte de mãe, quanto por parte de pai. Assim, ela cresceu entre vestidos de seda, acessórios extravagantes e riquezas que boa parte do Brasil Império sequer sonhava em possuir.
Apesar de regada a luxo, a juventude da princesa não deixou de ser tão rígida quanto a dos seus irmãos, D. Pedro de Alcântara, Paula Mariana e Januária. No palácio, os jovens eram levados à igreja com uma frequência inflexível e tinham diversas aulas de disciplinas como aritmética, línguas, música e etiqueta.
Em dezembro de 1826, quando Francisca tinha apenas três anos, a Imperatriz Leopoldina faleceu, deixando seus filhos e Dom Pedro I sem rumo. Responsável pelo Império, o regente decidiu casar-se mais uma vez, agora com Amélia de Leuchtenberg. A pequena herdeira, então, passou a ser criada por sua madrasta. Aos 7 anos de idade, no entanto, assistiu de camarote quando seu pai, sua irmã mais velha e Amélia mudaram-se para Portugal. Pequena demais para sequer entender a viagem, Francisca, mais do que nunca, sentiu-se sozinha, apesar da companhia dos irmãos.
Pouco lembrada na história do Brasil Império, Francisca de Bragança cresceu à sombra de irmãos regentes. Em 1831, por exemplo, recebeu a notícia de que sua irmã, Maria da Glória, teria recuperado a coroa portuguesa de seu tio usurpador, Dom Miguel I.
Naquele mesmo ano, quando Dom Pedro I mudou-se para Portugal, a fim de reaver o trono da filha, Francisca acompanhou cada detalhe da proclamação de seu irmão como Imperador do Brasil. Ela, inclusive, apareceu ao lado de Dom Pedro II quando ele ascendeu à varanda do palácio imperial para reverenciar seu povo.
Em meados de 1837, Francisco Fernando de Orléans, o Príncipe de Joinville chegou à corte brasileira em busca do corpo de Napoleão Bonaparte. Acolhido pelo palácio da Família Imperial, aproximou-se de Dom Pedro I.
Tão jovem quanto Francisca, o imperador brasileiro, por sua vez, decidiu que apresentaria sua irmã ao Príncipe recém-chegado. Durante uma agradável reunião, portanto, colocou os dois frente a frente e formando o casal que em alguns anos, se mudaria para a França, já unidos pelo sagrado matrimônio, em 1843.
Pouco tempo depois que Francisca e o Príncipe de Joinville colocaram seus pés na Europa, a monarquia foi extinta na França, em meados de 1848. Com isso, a família Orléans exilada na Inglaterra. O destino da coroa só não foi pior graças a diplomacia afiada de Francisca, que negociou de igual para igual com os republicanos.
Tempos mais tarde, com dificuldades financeiras, Francisco de Orléans decidiu retornar ao Brasil, desembarcando em terras catarinenses. De volta ao seu país de origem, Francisca, de forma engajada e fervorosa, lutou contra o avanço da república pelo resto de sua vida.