Descendente de imigrantes italianos e libaneses que chegaram em Jacareí nas primeiras décadas do século passado, sou apaixonado por Jacareí. Meus antepassados trouxeram com bagagens e mobília muitos sonhos que se tornaram realidade, graças às oportunidades que surgiram e ao acolhimento recebido.
O mesmo aconteceu com meu sogro, décadas depois, mineiro de Itanhandu, que aportou pela existência de parentes migrantes que trabalhavam na antiga Papel Simão.
Jacareí continua acolhedora, fraterna e propiciando oportunidades a quem procura. Somos completa miscigenação, mistura boa de vários povos, basta ver a lista de sobrenomes estrangeiros misturados com os brasileiros Silva, Souza, Costa. Mas o sangue de todos tem DNA da cidade, de um povo ordeiro, responsável, trabalhador.
Jacareí não é perfeita, é claro. Não existe cidade perfeita, ela é igual as outras. há pontos negativos? Claro, assim como há positivos.
A má gestão, concentração de renda na mão de poucos, desemprego, violência, saúde, transporte e outros itens são as principais causas da insatisfação, também comuns nas dezenas de cidades que conheço, inclusive capitais. O crescimento desordenado é maior que os recursos disponíveis, os gastos extrapolam a receita, ou seja, o cobertor é curto para tanta gente que faz uso dele.
O desconhecimento da engrenagem da máquina administrativa, municiada por interesses políticos de outros pelas redes sociais, faz que a população descarregue seus demônios nos agentes públicos eleitos ou concursados. E acabam por culpar e odiar a cidade, como se fosse ela a causadora de seus infortúnios e destemperos. Há prefeitos, secretários, vereadores e outros muito ruins, mas não conseguirão estragar Jacareí por mais que tentem. Da mesma forma serão vistos os futuros governantes e legisladores; os problemas continuarão e não serão resolvidos. Os políticos passaram e passarão, mas a cidade permanecerá acolhedora, fraterna e pulsante.
Aproveitemos a quarentena forçada para, neste aniversário da cidade, rever nossas posturas em relação a ela. Vamos acolher o município da mesma forma que ele acolheu nossos antepassados, enxergar suas belezas, preservar sua história e melhorar nossas escolhas nas eleições. Só governam e legislam em nosso nome aqueles que elegemos através do voto.
Rever nossas posturas e escolhas é um bom caminho para nos amarmos, e também a cidade. Que a quarentena forçada e as eleições de outubro sejam o começo para as mudanças.